sexta-feira, 21 de março de 2008

....nóticias cmi....


"O povo na rua, Kassab a culpa é sua"

No dia 14 de março, cerca de 200 moradores e moradoras representantes de mais de 600 famílias da Comunidade do Moinho em São Paulo marcharam, da comunidade localizada no bairro de Campos Elíseos, na região central, até o Hotel Intercontinental, na região da Avenida Paulista, onde acontecia o evento "Os Desafios da Urbanização de Favelas: Compartilhando a Experiência de São Paulo". Debaixo de garoa, levaram muitos cartazes, apitos e gritos de guerra como "O povo na rua, Kassab a culpa é sua", numa peregrinação que durou cerca de 2 horas. Foram distribuídos panfletos alertando sobre a situação da comunidade.
As famílias protestavam contra a política de especulação imobiliária que vem sendo sorrateiramente implementada no centro e que prevê a construção de um parque no local onde eles/as residem há mais de 25 anos e realizam a coleta e seleção de material reciclado (em torno de 50 e 150 toneladas de lixo por dia a menos nos lixões de São Paulo). O terreno, no valor de R$ 1,2 milhão, foi recentemente adquirido pela prefeitura, que há anos vem construindo estratégias para justificar a expulsão das famílias: primeiro a expulsão seria pela proximidade à linha do trem e solo contaminado, agora - apostando numa revisão ilegal do Plano Diretor, que tiraria a área da favela como de zona especial de interesse social (ZEIS), destinada à habitaçào social - a construção de um parque faz com que especuladores imobiliários e moradores da região se posicionem a favor da retirada das famílias da Comunidade do Moinho. Foi Protocolado no dia 13 de março na 17º vara da Justiça Federal uma ação de usocapião, que garante a posse da terra para ocupantes que residem na área há mais de 5 anos sem ter outra propriedade em seu nome.
No Hotel Intercontinental estavam presentes instituições acadêmicas, de pesquisa, organizações governamentais e não governamentais internacionais, mas mais uma vez não foi convidada a população afetada. Enquanto a população pobre da região central da cidade vem sofrendo agressões sem espaço para reclamar seus direitos, esses "representantes" do povo discutem a vida dessas pessoas de forma vexatória, publicizando que estas políticas ajudam a cidade de São Paulo, quando na verdade só marginaliza e criminaliza quem quer a garantia dos seus direitos. Depois de protestar na frente do Hotel, representantes do evento voltaram atrás na promessa de que representantes da comunidade subiriam para falar no evento, sob alegação de que o hotel já estava lotado, por fim ficou tirado uma reunião nessa segunda feira com o diretor do Habcentro, Alonso Lopez, o Promotor da ação de desapropriação e com a responsável da parte social do Habcentro.

Nenhum comentário: