quarta-feira, 22 de outubro de 2008





BM pROmove tUMuLto e pancadaRia em PORto ALEGRE Há quase um mês em greve, para os bancários do Rio Grande do Sul era só mais um piquete em frente a Agência Central do Banrisul. Ninguém poderia imaginar que o local seria palco para mais um exercício do Comandante-geral da BM. O sinal foi dado quando um policial militar, sem a presença de um Oficial de Justiça, como manda a lei, tentou abrir as portas lacradas pela greve. Em poucos minutos pelo menos cinco viaturas com polícias da Patrulha Tática Especial com bombas de gás lacrimogênio, escopetas, escudos transparentes e cacetes reluzentes tomaram a entrada do Banrisul. Muito além do trabalho de segurança pública, ficou a expressão de muitos soldados novatos, pela primeira vez numa operação de verdade. Mais do que a truculência contra trabalhadores - fato comum - o que ficou estampado nas fotos e depoimentos de manifestantes, jornalistas e transeuntes foi o ódio no olhar e a expressão de satisfação no rosto desses servidores públicos. Doutrinados pelo ensino da violência colocado em prática por Mendes. A quinta-feira estava só começando. A segunda parte do exercício de repressão ministrado pelo comandante-geral da BM já estava em andamento desde a manhã. Agricultores ligados a Via Campesina, que participavam com sindicalistas da Central da Única dos Trabalhadores (CUT) de manifestação em frente ao Wal-Mart contra o aumento de preço dos alimentos, já estavam acompanhados por batalhões da BM quando chegaram ao Parque Redenção para a concentração da 13ª Marcha dos Sem. Quando a Marcha saiu, o helicóptero da polícia fazia questão de voar baixo para abafar as palavras de ordem do carro de som. A intencionalidade das ações policias foi programada para provocar tensão e o nervosismo dos manifestantes, que a essa altura já reuniam além de agricultores e sindicalistas, professores, estudantes e bancários, entre outros. Foi nesse clima que a Marcha avançou transtornando o trânsito porto-alegrense, como escreveriam nossos colegas daquele jornal partidário da Ipiranga. A Marcha avançou sem nenhum incidente até a frente do Palácio Piratini. Quando o carro de som, entre os manifestantes, finalmente venceu a curta subida da rua Espírito Santo, para estacionar em frente ao Palácio, a BM executou uma de suas ações programadas: impediu o avanço do veículo. Disparou bombas de efeito moral e tiros com bala de borracha, com a clara intenção de provocar um tumulto. Estilhaços atingiram vários participantes. Da Assembléia Legislativa, os deputados Raul Pont e Ronaldo Zulke (PT) encontraram Raul Carrion (PCdoB) que já acompanhava os manifestantes. A intenção dos parlamentares de mediar a situação para evitar consequencias mais graves, encontrou a resistência e a truculência dos escudos transparentes que cercavam um risonho comandante-geral da BM. O deputado Ronaldo Zulke, que se identificou com parlamentar foi empurrado por Paulo Roberto Mendes Rodrigues, que seguiu em frente sob os protestos do deputado do PT. A cena foi testemunhada por Raul Pont e uma repórter do SBT. No final do dia, Mendes alegaria em coletiva à imprensa, que o tumulto iniciado pela BM foi porque um policial havia sido ferido. No HPS, 17 trabalhadores foram contabilizados como saldo das manifestações. O que ficou claro para jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e todos os cidadãos que participaram dos protestos em Porto Alegre nesta quinta-feira: não há mais garantias de direitos constitucionais básicos no Rio Grande do Sul. Manifestações públicas serão reprimidas com violência. A policial militar estatal está a serviço dos caprichos de um oficial sedento por holofotes. Paulo Roberto Mendes Rodrigues é a estrela. O centro das atenções, das polêmicas e principalmente da quebra do estado democrático. O Estado não controla mais seu aparato repressivo. A polícia militar foi transformada em milícia particular da governadora Yeda Crusius (PRBS-PSDB), sob o comando do coronel Paulo Roberto Mendes Rodrigues. Movimentos da sociedade civil organizada são sistematicamente impedidos de se manifestar. Professoras, agricultores, bancários, metalúrgicos, estudantes estão na mira de exercícios reais de contenção e inibição pelo uso da força, acionados pela presença do comandante. O mesmo empenho e presença não é visto no combate a criminalidade, motivo da existência da BM. texto elaborado a partir de relatos de integrantes da Equipe do CeL3Uma presentes em todas as manifestações dessa quinta. fotos: Agência CeL3Uma iMagem
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