A cantora, compositora, percussionista e atriz ZILAH MACHADO faleceu hoje, dia 07 de janeiro, às 12h45min, no Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, por falência múltipla dos órgãos, em decorrência de neoplasia abdominal. A artista estava internada desde o dia 27 de outubro passado para tratamento de saúde.
O velório ocorrerá no Teatro Glênio Peres da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a partir das 19 horas. O sepultamento será amanhã, às 9 horas, no Cemitério Jardim da Paz (Estrada João de Oliveira Remião, 1347, bairro Lomba do Pinheiro).
Sobre de Zilah Machado
Considerada uma das principais cantoras e compositoras gaúchas, Zilah Machado, que também é percussionista, ainda guarda um tesouro de muitas canções, que precisam ser cantadas, e histórias, que carecem ser registradas. Histórias que falam de seu pioneirismo como cantora, em uma época em que era preciso vencer preconceitos, ou aprender a conviver com eles, já que a necessidade de cantar era maior do que qualquer julgamento.
Zilah Machado nasceu na Ilhota, em Porto Alegre, em 13 de abril de 1928. A mãe era lavadeira e não poupou esforços para que sua única filha estudasse, a fim de se tornar professora. A proximidade com Lupicinio Rodrigues, entretanto, que era seu vizinho e grande incentivador, frustrou as expectativas da mãe, que não conseguiu alterar o destino da filha. Destino esse que Lupicínio já previra: “Essa menina vai ser cantora porque já chora afinado”, teria dito. Foi com ele, seu padrinho musical, que aprendeu, aos três anos de idade, a “Marcha do Jacaré”, uma marchinha de Carnaval.
Para cumprir o desejo da mãe, foi estudar no Colégio Paula Soares, onde participou do coro orfeônico. Aos dez anos, iniciou o estudo do canto lírico com o maestro Roberto Eggers. Depois de três anos, a soprano-ligeiro teve de abandonar o curso, por falta de recursos financeiros. Mais tarde, retomaria os estudos musicais, com o mesmo professor, mas enfrentou preconceitos. “Por ser negra, tive grande dificuldade de ingressar no mundo da música erudita, apesar de ter estudado um total de onze anos”, diz.
Abandonando definitivamente o canto lírico, Zilah embarca para a Argentina, em 1962, para uma temporada de três meses com a orquestra do Maestro Délcio Vieira. É o início de uma carreira internacional, que a levou até o México. Ao retornar a Porto Alegre, passa a cantar na Rádio Gaúcha, quando vence um concurso para substituir Elis Regina. Passa a se apresentar também no Clube dos Cozinheiros, casa noturna de Lupicínio e de Rubens Santos, e em programas de auditório.
Com o fim da “Era de Ouro” do Rádio, em 1971, Zilah vai tentar a sorte no Rio de Janeiro, cantando em casas noturnas e programas de rádio e TV. Lá permanece até 1982. Reveza-se entre o trabalho como diarista e gravações de discos para a Odeon e CBS, como integrante de coro. Em 1980, lança seu primeiro LP, “Já se Dança Samba como Antigamente”, pela CBS. No Rio de Janeiro, cantou ao lado de Cauby Peixoto e participou de musicais de Sargentelli, no Hotel Nacional, e na Rádio Globo.
Trabalhou como atriz de teatro, cinema e rádio. Participou dos filmes “Quem Matou Pacífico?”, “As Manicures” e “Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia”. No teatro, atuou nas peças “A Volta do Araraí” e “Sem tua Presença” e integrou o elenco da novela “A Cabana do Pai Tomaz”, pela TV Tupy. Em 1981, Zilah recebeu o diploma Cinco Estrelas, como Revelação do Ano, ,do Jornal Copacentro.
De volta à Capital gaúcha, apresenta-se em casas noturnas como Carinhoso, Velho Amigo, Acalanto, João de Barro. Em 1988, lança pela CBS seu segundo LP, “Lupiciniana”, em que interpreta o mestre Lupicínio Rodrigues. No mesmo ano, foi agraciada pela Prefeitura de Porto Alegre com a Medalha Cidade de Porto Alegre. Em 2000, por intermédio da Secretaria Municipal da Cultura, lança seu primeiro CD, “Passageira da Nave dos Sonhos”, um registro de suas composições inéditas. Neste trabalho, mostra sua essência poética e revela o legado herdado do mestre Lupicínio.
No dia 06 de fevereiro de 2005, Zilah Machado teve a honra de abrir, a convite do crítico musical Carlos Calado, o projeto “Sotaques do Samba”, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, que reuniu 14 expressões do samba de todo o País. Zilah representou o samba produzido no Rio Grande do Sul, ao lado da banda Flor de Ébano e do gaiteiro Borghetinho. Na ocasião, Calado estreveu: “Zilah é uma pérola escondida no Sul do País”.
Em 2009, ela volta a surpreender com um novo disco. Ressurge revigorada com o seu “Ziriguindim”, que mereceu a direção musical de outro grande artista, Gelson Oliveira, e no qual brinda a todos com mais um pouco de seu rico legado cultural. Elogiado pela crítica, o disco teve sua qualidade artística e técnica reconhecida com a conquista da Menção Especial do Prêmio Açorianos de Música 2010 e do Prêmio Açorianos de Música de 2010 na categoria Produtor Musical (Gelson Oliveira), além das indicações nas categorias Disco, Produtor Executivo, Compositor e Intérprete.
Nos do Quilombo das Artes - Utopia e Luta somos solidários a familia desta grande artista, neste momento de pesar.
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