segunda-feira, 2 de maio de 2011

A POESIA QUE ALIMENTA A XAMA DA TRANSFORMAÇÃO

Gonzaguinha, eu apenas queria que você soubesse
O Tributo feito pela Comunidade Utopia e Luta foi ímpar como todos que promove. Ver Nanci Araújo e Eduardo Solari se doando, cantando, contando histórias de luta, de arte, de amor, num casamento real num dia de Casamento Real é sempre uma soma, um assomo de esperança. Esse amor deles e esse amor que eles têm por um mundo melhor e justo e que, no Utopia, aparecem traduzidos em tijolos, escritório, cadeiras, mesas, padaria, ações e pessoas me dão esperanças de nova vida. Todas as pessoas do Assentamento são uma prova de luta, são um exemplo, um retrato de revolução, pequenas revoluções dentro de uma grande revolução/evolução. Tenho sido um pouco egoísta nesse aspecto. Eu trabalho em três cidades, moro em uma quarta. Não tenho muito tempo para fazer visitas, tenho pouco tempo para militância presencial, e em relação ao Assentamento, sou muito egoísta. Vou lá quando preciso desesperadamente acreditar, assim, acreditar como verbo intransitivo. Quando no fundo do meu coração penso: não quero mais fazer nada. Não adianta. Então, como aquele último instinto de sobrevivência do suicida, penso: Preciso do Utopia. O Utopia “é um carinho guardado no cofre de um coração. É a certeza da eterna presença. Foi... foi... foi... foi bom e para sempre será.” Tem sido sempre assim, desde que cheguei a Porto Alegre. Aquela comunidade é a prova de que há um lugar onde tudo ainda tem sentido.

Era sexta-feira, sexta-feira é dia em que se “...sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança!” Vejo a sexta-feira de Porto Alegre pela minha janela, muitos carros, pessoas arrumadas para festa, volume alto, risadas, passeios, mãos dadas, beijos na esquina, balada, alegria. Na sexta, estou praticamente voltando para casa, não tenho forças para sair. Tenho a decisão intelectual de sair, mas não vou. Saio para militar, se tiver reunião, se tiver mobilização. Se não, tudo parece se espichar ao longe, tudo fica muito longe, não conheço as ruas direito, não conheço as pessoas direito, não sei direito o que quero da sexta-feira à noite. Porém, quando tem Sarau na Escadaria da Borges, imediatamente, me sinto feliz por tudo, pelo lugar, pela companhia e por aquilo que ainda nos costura, Gonzaguinha, e te mantém entre nós, a utopia e a luta.

Utopia e Luta
(Para: Comunidade da Escadaria da Borges. De: Ana Carolina)

A luta empilhada e fortalecida
Pinta os muros da cidade esquecida
A luta planta bases e planta plantas
No terraço.
Planta crianças saudáveis
Dentre miséria, trânsito barulhento, urina e cimento.
A luta não recua.
A luta é só sentimento.
Sentimento e Utopia.
A luta não vai só,
A luta é construída e acompanhada
de gente e de sol.
Sol e ares,
Solari.
Utopia e luta no coração
Ocupação
Utopia e luta em ação
intervenção
n@ capital.

Gonzaguinha
http://www.youtube.com/watch?v=Q4H5x8ScDLs
Nanci e Eduardo
http://www.youtube.com/watch?v=qvUPgF1-pg4
Nanci
http://www.youtube.com/watch?v=BXmjomNEFq4&NR=1

* Mestre em Comunicação Social – Profa. Da UERGS
 Por Ana Carolina Martins da Silva.

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