segunda-feira, 16 de abril de 2012
A ESTACA QUEBRADA NO CORAÇÃO DO LATIFÚNDIO
A ESTACA QUEBRADA NO CORAÇÃO DO LATIFÚNDIO
Nesta segunda-feira, dia 16 de Abril, integrando a jornada nacional de lutas do Abril Vermelho, os assentados da região de São Gabriel ocuparam a Praça Fernando Abott com uma representação de 70 assentados do município. Ao ocuparem a praça em caráter permanente, até que os governos Federais e Estaduais disponham a infra-estrutura básica dos assentamentos.
Fazem três anos que via INCRA se prometeu investir 60 milhões de reais nos assentamentos de São Gabriel. Porém o que temos na prática é uma política de sucateamento deste órgão público e total descaso com a reforma agrária. Ao assentar aproximadamente 580 famílias numa das regiões mais pobres do Estado e dominada por latifúndios improdutivos, tinha-se a intenção de colocar “uma estaca no coração do latifúndio”! O que presenciamos hoje é o descaso que fundamenta os argumentos dos latifundiários e seus defensores, que acusam os assentamentos de “favelas rurais”. Na prática essas “favelas rurais”, são frutos de um processo onde se repartiu campos pouco férteis, com erosão e risco ambiental entre famílias totalmente descapitalizadas, que sem crédito, sem estradas, sem energia elétrica e sem habitação tiveram pouca, ou nenhuma condição de produzirem. Para se ter uma idéia da situação, em alguns assentamentos a desistência foi de 70% das famílias assentadas, que sem condições de permanência nos lotes voltaram para a periferia das grandes cidades.
Hoje aproximadamente 180 famílias permanecem sem energia elétrica, sem uma lâmpada para uma criança estudar, sem uma geladeira para conservar o alimento. Aqui nenhuma escola foi construída dentro dos assentamentos, nossas crianças caminham uma média de duas horas até pegar o transporte escolar, todos os dias! Não tendo estradas nem para transporte escolar, também não temos como escoar o excedente da produção, a qual se faz com o próprio suor, pois a fração de famílias que acessou os créditos é mínima! Quanto às moradias, as famílias não há perspectiva de quando será efetivado o projeto de habitação. Em torno de 100 famílias ainda moram embaixo da lona preta! Após resistirem a duas secas em três anos, sem bebedouros para o gado e nem uma gota de água potável, foi anunciado 38 milhões de reais pelo programa “Água para Todos”, a esperança é que os assentamentos sejam contemplados, mesmo assim não sabemos até quando teremos que alimentar essa esperança!
Permaneceremos ocupando a Praça Fernando Abott, na esperança de que menos invisíveis, e contando com o bom senso de nossos governantes teremos resposta concreta às nossas pautas.
Sepé Vive!
São Gabriel dia 16 de Abril de 2012.
PAUTA DE LUTA DOS ASSENTADOS DO MST
EM SÃO GABRIEL.
1.Reversão no corte de orçamento do INCRA
Aplicação do convênio entre governo federal e estadual para o assentamento imediato de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul.
Contra a política de sucateamento e inoperância do INCRA
Melhores condições de trabalho e infra-estrutura aos funcionários do INCRA, e fim dos atrasos no pagamento dos funcionários da Assistência Técnica e Social (ATES).
2.Construção das estradas dos assentamentos
Tendo em vista que não temos como escoar a produção;
O transporte escolar das crianças é precário ou inexistente em alguns casos.
3.Construção da rede de distribuição de água potável:
Aplicação imediata do recurso de 38 milhões do “Água para Todos”.
4.Construção das redes de energia elétrica
Aplicação imediata do “Programa Luz para Todos” nos Assentamentos Madre Terra e Cristo Rei, ambos três anos sem luz!
5.Liberação de Créditos
Liberação de créditos atrasados e liberação imediata de créditos para os recém assentados.
6.Roteiro com Patrulha Agrícola do Estado
Abertura emergencial de estradas e recuperação de açudes
7.Investimento em Infra-estrutura produtiva nos Assentamentos
Reforma de silos nos assentamento Madre Terra e Novo Horizonte
Construção do entre posto leiteiro em São Gabriel.
Construção de uma nova unidade de secagem e armazenagem de grãos orgânicos.
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