quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Segundo dia de ocupações no RS é marcado por intimidação da Brigada Militar
Foto: Jefferson Pinheiro |
As famílias que ocupam desde segunda-feira (26), uma fazenda em Viamão, região metropolitana de Porto Alegre, foram intimidadas pela Brigada Militar. Durante a manhã de terça-feira (27), apoiadores e assentados da região, preocupados com a situação das famílias, tentaram entregar aos acampados comida e água potável quando a polícia impediu a passagem dos carros. A partir disso, os trabalhadores e trabalhadoras decidiram buscar a comida nos automóveis que estavam estacionados na rodovia RS 040 quando houve a abordagem da Brigada Militar.
Ao tentarem cruzar a cerca para sair da propriedade, a Brigada Militar fez um disparo de arma de fogo para o chão. Conforme João Paulo da Silva, acampado na região Sul, os policiais ameaçavam entrar em ação caso os camponeses não recuassem. “Essa abordagem da polícia é uma forma de intimidar a organização dos trabalhadores e das famílias acampadas do MST”, afirma João.
Mobilizações continuam nas três cidades
Mesmo com a repressão da polícia, as famílias do MST permanecem com os acampamentos até que o governo federal, por meio do INCRA, e o governo do estado encontrem uma solução definitiva para o assentamento das mil famílias acampadas. Os trabalhadores reivindicam o cumprimento do acordo firmado em abril de assentar as famílias acampadas hoje no estado.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Ocupações de terra para os governos cumprirem os acordos
Coletivo Catarse
“Viva a vida dos trabalhadores!”, a garota grita sobre o campo ocupado. Três salvas de foguetes ecoam na coxilha. Antes do dia clarear, já estão do lado de dentro das cercas.
É o primeiro acampamento do MST no município de Viamão. No local, em maio a Polícia Federal encontrou mais de duas mil toneladas de drogas. Hoje, são seiscentos hectares para uma centena de vacas apararem o pasto. Pela lei, a área pode ser desapropriada por dois ilícitos: base para o tráfico e improdutividade extrema.
Um território perfeito para o Governo do Rio Grande do Sul (em acordo com o Governo Federal) começar a cumprir o compromisso que assinou com o MST em abril e descumpriu: assentar 450 famílias de sem terra até agosto e mil até o final do ano. Estamos em fins de setembro e nenhuma delas conquistou a terra prometida.
“Queremos mostrar ao governo Tarso que se quisesse poderia fazer a Reforma Agrária sem dinheiro. Pela lei, esta área pode ser expropriada sem indenização. Em Vacaria (uma das outras duas áreas ocupadas no dia de hoje) a mesma coisa. É uma área do Estado que não está sendo usada para nada”, explica o acampado João Paulo da Silva. Segundo o Movimento, já se passam três anos sem que nenhuma família tenha sido assentada em solo gaúcho. “Os governos não atendem a pauta da Reforma Agrária, por isso temos que seguir lutando”, desabafa João.
Entre os cerca de 200 acampados, estão alguns apoiadores de movimentos sociais urbanos, solidários aos que lutam por justiça no campo. No texto do MST enviado à imprensa, a determinação de se permanecer nas áreas por tempo indeterminado, até que os governos apresentem soluções definitivas para o assentamento.
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