Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Inspirado em texto de um dos grandes nomes do teatro alemão, o grupo
gaúcho ‘Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta Favela’ apresenta a
peça Margem Abandonada Medeamaterial Paisagem com Argonautas.
Em cartaz no Mezanino da Usina do Gasômetro, no Centro de Porto Alegre, a
peça é o primeiro teatro de vivência do jovem grupo oriundo da
‘Terreira da Tribo Ói Nóis Aqui Traveiz’. A livre adaptação do texto
homônimo de Heiner Muller poderá ser assistida pela última vez neste
sábado (18), a partir das 21 horas e promete cenas explícitas
denunciando a violência humana e a submissão feminina.
“Algumas pessoas saem assustadas, outras criticam que o que fazemos
não é teatro. Realmente nós propomos outra relação com o público.
Fazemos cenas que despertem os sentidos das pessoas. Eu pesquisei muito a
violência contra a mulher e esta relação dos crimes por paixão. O que
propomos é na verdade uma discussão sobre o ser humano”, explica a atriz
e produtora cultural do grupo, Danielle Rosa.
A intenção do Levanta Favela
é justamente propor ao público uma reflexão. Por meio da arte, eles
expressam as coisas que mais os deixam inquietos e indignados frente ao
mundo. Na mesma proposta da renovação da linguagem cênica que consagrou
mundialmente o ‘Oi Nois Aqui Traveiz’, o grupo não se limita às salas
de espetáculos e faz das intervenções no meio urbano sua principal
identidade.
As peças populares de rua tratam de temas atuais e sempre carregados
na crítica social. “Alcançamos os passantes, os moradores de rua, o
bêbado que quer chamar a atenção mais que a gente. Já a Medea, é um
público que tem condições de sair de casa para ir ao teatro. Geralmente
são pessoas do meio cultural ou que nos conhecem, pessoas que se sentem
tocadas com as peças. A troca é outra”, fala Danielle.
O contraste do colorido do figurino, das maquiagens e a movimentação
dos corpos com gestos e falas são convidativos aos olhos dos
transeuntes. Porém, nem sempre a arte no meio urbano é compreendida,
conta a atriz. O grupo já foi xingado por estar ‘no meio do caminho’ das
pessoas e em outubro de 2010 foi levado pela Brigada Militar após cinco
abordagens durante uma apresentação na Esquina Democrática.
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